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Circulo de leituras em Filosofia, Política, História e Economia

        Este projeto visa três objetivos gerais: 1. Contribuir e proporcionar instrumentos para a prática da leitura de textos acadêmicos por alunos em nível de graduação e pós-graduação; 2. Discutir temas e conceitos de acentuada relevância para a teoria e cultura política democráticas no Brasil; 3. Dar acesso à comunidade acadêmica e à comunidade externa aos conteúdos dos debates – por meio de mídias eletrônicas, redes sociais e eventos abertos ao público – tanto dos resultados de pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado, como de questões fundamentais para a teoria e prática políticas, principalmente no que se refere à cidadania, à ética e à participação política ativa.​

   

        O texto escolhido para esta primeira edição do “Círculo de leituras em Filosofia, Política, História e Economia” é a obra de maturidade do teórico político Antonio Gramsci (1891-1937), os Cadernos do Cárcere. A escolha se justifica por três motivos: 1. O caráter interdisciplinar do pensamento do autor; 2. A presença de estudos gramscianos em diversas áreas do conhecimento científico e a proliferação de estudos recentes baseados em suas obras e, 3. A dificuldade que os estudantes encontram na leitura solitária do autor.

          Começando pelo último ponto, a dificuldade que os estudantes encontram na leitura solitária se deve principalmente ao caráter fragmentário de uma obra que não foi publicada pelo próprio autor. Antonio Gramsci foi um intelectual e dirigente político preso em 1926, durante o regime fascista na Itália. O autor saiu da prisão pouco tempo antes de morrer. No cárcere, Gramsci escreveu 33 cadernos de tipo escolar, onde registrou notas de temáticas variadas, que a partir de 1932 foram agrupadas em cadernos monográficos. Após a morte do autor, este material foi resgatado do cárcere por sua cunhada, Tatiana Schucht, com o auxílio de Palmiro Togliatti, secretário do Partido Comunista Italiano. O material foi organizado e publicado em edições temáticas (que recolhiam, sobretudo, o material dos cadernos monográficos). Estas edições foram primeiramente traduzidas em maior volume na Argentina e no Brasil (cf. ARICÓ, 1988; DEL ROIO, 2011; COUTINHO, 2007; SECCO 2002). Eram, contudo, edições parciais, isto é, edição das notas dos Quaderni del Carcere a partir do agrupamento por argumentos e por temas homogêneos em volumes independentes, que acabavam por anular a historicidade da produção das notas, dando a impressão de que se tratava de obras acabadas (cf. DIAS, 1994 e 1996; ver também BIANCHI, 2018). Em 1975, entretanto, foi publicada na Itália a versão crítica dos Cadernos, organizada por Valentino Gerratana, que trazia todos os cadernos em ordem cronológica. Esta edição foi traduzida para o português em 6 volumes entre 1999-2002, que é a edição que utilizaremos no projeto. A dificuldade está justamente no fato de que Gramsci desenvolveu um denso diálogo com a cultura europeia de seu tempo, movimentando conceitos de diversos campos do conhecimento, a partir de polêmicas com autores de diferentes tradições teórico-políticas. Acrescente-se a isto a dificuldade da forma fragmentária, isto é, o material é composto por diferentes notas e mesmo os cadernos monográficos apresentam variação temática. Por fim encontramos muitas vezes diferentes versões da mesma nota, já que se trata de uma obra inacabada. Deste modo, torna-se imperativa a leitura conjunta, com subsídios histórico-conceituais de pesquisas mais avançadas e discussão coletiva que tornem o conhecimento acessível e palatável mesmo para estudantes em início de graduação. 

A. Gramsci

1891 - Ales, Itália

1937- Roma, Itália

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Referências

 

ARICÓ, J. La cola del diablo. Itinerário de Gramsci na América Latina. Buenos Aires: Punto Sur Editores, 1988.

ARICÓ, J. “Por que Gramsci na América Latina?”. In Gramsci no Brasil, 1998. Disponível em www.acessa.com. Acessado em 04/01/19.

BIANCHI, A. “O Brasil dos gramscianos”. In Revista Crítica Marxista, São Paulo: Unesp, 2016, p. 117-132.

BIANCHI, Alvaro. O laboratório de Gramsci: filosofia, história e política. Porto Alegre: Zouk, 2018.

COUTINHO, C. N . “As categorias de Gramsci e a realidade brasileira”. In COUTINHO, C.N e NOGUEIRA, M.A (org). Gramsci e a América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 103-127.

COUTINHO, C. N. “Cidadão Brasileiro”. Revista teoria e debate, edição 9, jan/1990. Disponível em https:teoriaedebate.org.br, consultado em 25/01/19.

COUTINHO, C. N. “Brasil y Gramsci. Variadas leituras de um pensamento”. Nueva Sociedad, nº 115, set/out/1991, p. 104-113.

COUTINHO, C. N. Gramsci. Um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999, p. 89-101.

COUTINHO, C. N. “O desafio dos que pensaram bem o Brasil”. Lua nova nº 54, 2001. 

COUTINHO, C. N. “O Gramsci no Brasil: recepção e usos”. In MORAES, J. Q. (org.). História do Marxismo no Brasil, v. 3. Campinas: Editora Unicamp, 2007, p. 151-196.

DEL ROIO, M. T. “A particularidade da revolução passiva no Brasil: uma tradução de Gramsci. In _________. Gramsci e a emancipação do subalterno. São Paulo: Unesp, 2018.

DEL ROIO, M. T. “Translating passive revolution in Brazil”. Capital & Class, nº. 36(2), 2012, p. 215 –234.

DEL ROIO, M. T. “Notas sobre a trajetória de Gramsci na América Latina”. Revista Crítica Marxista nº 33, São Paulo: UNESP, 2011.

DIAS, E. F. “Sobre a leitura dos textos gramscianos: usos e abusos”. In Revista Ideias, Campinas: IFCH/UNICAMP, 1994, p. 111-138.

DIAS, E. F. O outro Gramsci. São Paulo: Xamã, 1996.

MAPA bibliográfico de Gramsci no Brasil. Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Filosofia, Política e Educação (NuFiPE). 2 ed. rev. e amp. Niterói, 2018.

GRAMSCI, A. Quaderni del carcere: edizione critica dell’Istituto Gramsci a cura di Valentino Gerratana, Torino: Einaudi, 2007.

MASSARDO, J. “La recepción de Gramsci em America Latina: cuestiones de orden teórico y politico”. International Gramsci Society Newsletter, nº. 9, Mar, 1999. In Imago Mundi, 13/02/2008.

SECCO, L. Gramsci e o Brasil. Recepção e difusão de suas ideias. São Paulo: Cortez, 2002.

SECCO, L. Gramsci e a Revolução. São Paulo: Alameda, 2006.

VIANNA, L. W. Liberalismo e Sindicato no Brasil. 2 Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

VIANNA, L. W. A revolução passiva: Iberismo e americanismo no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2004.

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